quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Homens na Lua

“Moon”,de Duncan Jones, tem uma dormência arrastada, uma monotonia e umas cores que me fazem lembrar o “2001: Odisseia no Espaço”, de Stanley Kubrick. A claustrofobia assalta-nos quando entramos no mundo pequeno e mecânico daquele homem que trabalha sozinho na Lua, há três anos, em prol da sustentabilidade do Planeta Terra. Está a poucas semanas do regresso a casa, mas este homem está a esvair-se (o actor é brilhante na encarnação do verdadeiro caco humano). Pensamos que é depressão: estar a falar para máquinas durante três anos e estar sozinho na Lua quando se tem uma loura amantíssima em casa deve dar cabo de um homem.
Mas existe o Gerty para fazer companhia e trabalhos domésticos. O Gerty é um robot abnegado de voz pausada e reconfortante, programado para o serviço e para a bondade cega. Este Gerty não tem nada a ver com o HAL 9000 do Kubrick, de maldade inteligente e caprichosa.
O filme avança, misterioso, com uma banda sonora hipnótica; mas às tantas o enredo torna-se confuso, até desconjuntado: há um acidente, um homem que recupera os sentidos e uma nova personagem surge para ocupar um lugar naquela estação lunar. Ficamos às aranhas. Será outra alucinação? O que se passa na cabeça daquele homem que já é dois? Mas as peças vão encaixando, desmontando-se no final uma maquinação de terráqueos experimentalistas e desalmados.
Pensávamos que tudo aquilo se passava na cabeça de um homem, que era tudo mais estranho, mas afinal o enredo de pura ficção científica (bem esgalhado é certo, mas um pouco banal) acabou por tomar conta do filme e entristecemos um pouco. O que não lhe retira o mérito de ser uma obra de suspense muito interessante que nos faz pensar sobre a vida humana. Tão efémera.