segunda-feira, 26 de julho de 2010

Matrioska onírica


Sempre que via o trailer de “Inception” ficava cativada por aquela atmosfera de mistério e estranheza, onde se via gente a lutar no ar, em gravidade zero, piões de metal a girar, grandes edifícios a desmoronarem-se, uma rapariga a gritar que a acordassem e depois aquele som cavernoso a servir de música. Não percebia patavina daquilo, mas aguçava a curiosidade. Já vi trailers muito mais bem conseguidos que os próprios filmes, mas “Inception” não desiludiu, nem por sombras.
O argumento é complexo, cheio de camadas, mas é perfeitamente inteligível. Dom Cobb é um “extractor” de segredos, atormentado pelo passado. Os furtos passam-se dentro da mente dos seus alvos, enquanto dormem, e para isso são precisos arquitectos para construírem o cenário daqueles sonhos. Um dia, Dom é forçado a aceitar o trabalho de implantar uma ideia, em vez de a roubar e, a partir daqui, somos deliciosamente arrastados num tropel de acção e suspense onde há pessoas que sonham um sonho, dentro de um sonho, dentro de um sonho e onde vamos descobrindo a história trágica de Cobb e de Mal e do seu mundo de luz e sombras. A história é verdadeiramente original e emocional e não nos deixa baixar a guarda. O lote de actores é soberbo, todos eles carregados de carisma. Para mim, não há ali actores secundários. E sempre aquela música de fundo, como um barco de grande porte a apitar, e que nos arrepiava a espinha.