domingo, 14 de novembro de 2010

Somewhere over the rainbow

"9", o filme de animação realizado por Shane Acker, com co-produção de Tim Burton e algumas vozes de luxo (Christopher Plummer, Martin Landau ou Elijah Wood), mostra um universo de quinquilharia, ferrugento, silencioso, cinzento e vazio. O mundo acabou numa guerra entre homens e máquinas e todas as formas de vida se esvaíram. Restaram nove bonecos de trapos, aos quais um cientista insuflou vida. Cada um deles é um pedaço da sua própria alma e a sua missão é restaurar a vida na Terra e erradicar o poder da "Máquina" que em tempos o cientista criou amorosamente, mas que se virou depois contra a Humanidade.
Caímos naquele filme como o boneco n.º 9. À toa, mas curiosos. É uma história que se vai descobrindo aos poucos. Gostei verdadeiramente daqueles bonecos toscos, mas com detalhes primorosos. Ainda mais porque cada um deles encerrava um pedaço de Humanidade. Vidas cheias de tensões, alegrias, sucessos, medos, conflitos, culpas, morte e mudança.
"Someday I'll wish upon a star
And wake up where the clouds are far
Behind me.
Where troubles melt like lemon drops
Away above the chimney tops
That's where you'll find me."

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

C'um catano!


Machete. Estoril Film Festival. Meia-noite e meia. Há muito tempo que não conseguia ver um filme a estas horas obscenas. Cheguei a passar pelas brasas (heresia!) no último filme do Tarantino, que vimos numa longínqua sessão da meia-noite.
Com este Machete do Robert Rodriguez, fiquei de olho arregalado. É um gozo de tão tosco, a começar pelo protagonista (Danny Trejo), um federale mexicano justiceiro, armado de navalhas e catanas, com olhos sapudos, rosto tisnado e cheio de sulcos que pareciam cortados à faca. O filme tem violência a dar com um pau, mulheres desnudas e avantajadas, um chorrilho de vinganças fumegantes, muita catanada, carros quitados, mexicanos em fúria, armamento e até uma cena gore onde o Machete salta de uma janela agarrado a 18 metros de entranhas. A história é o menos. Mete o dedinho nalgumas feridas. O diálogo é curto e grosso. O que interessa mesmo é ver os braços velhos e musculados do Machete em fúria, é ver a deliciosa personagem do padre armado até aos dentes, benza-o Deus, o “puñeta” do Steven Seagal e o seu harakiri e, no final, o Machete a levar a sua miúda (Jessica Alba) vestida de couro no coiro da mota. Em suma, um grande filme de gajo, onde as gajas também se riem.