segunda-feira, 7 de setembro de 2009

MOTELx 2



"Re-Animator" (1985), de Stuart Gordon, é um filme insano e fenomenal. Herbert West é um cientista que descobre um fluido capaz de dar vida a tecidos mortos. Depois de conseguir reanimar um gato morto, entra na morgue do hospital universitário onde estuda e começa, sem peias, a testar doses em corpos humanos, que não ressuscitam beatificamente como Jesus, mas como bestas descontroladas, para gáudio do espectador. Quando o Dr. Carl Hill, o pérfido neurocirurgião, quer apoderar-se da descoberta, perde, literalmente, a cabeça e torna-se no vilão mais arrepiante e espantoso que já vi, de morrer a rir, com alguns esgares de nojo à mistura. "Re-animator" é um clássico do terror que adorei descobrir.



Antes, passou a curta-metragem de Fernando Alle, "Papá Wrestling", que pôs o auditório ao rubro. Sempre que este papá brindava com uma morte atroz os miúdos que tinham roubado a lancheira ao filho, a plateia explodia a rir. Ver um imponente luchador mascarado, vestido de cor-de-rosa, a esborrachar crânios e pernas de crianças é uma cena deveras risível. E não estou a ser irónica.

domingo, 6 de setembro de 2009

MOTELx 1


Dei logo de caras com o John Landis quando subia a escadaria do Cinema São Jorge para experimentar, pela primeira vez, o Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa. Foi um bom augúrio. Estreei-me numa sessão especialíssima: "A Dança dos Paroxismos", filme de 1929 de Jorge Brum do Canto, musicado, ao vivo, por Legendary Tigerman e Rita Redshoes. Foi um momento absolutamente mágico. A música soou-me cintilante, bem entrosada naquele velho filme que espantava pelo arrojo técnico e pela beleza simples. A história tem por base um "poemeto" de Leconte de Lisle, "Les Elfs". Conta a história nefasta de um cavaleiro galante que se detém no Reino dos Silfos, onde se cruza com a rainha Banschi. Esta bela, ao pousar a sua mão branca no peito do cavaleiro, desencadeia uma desgraça: a noiva roliça que o esperava morre e o cavaleiro segue-a na agonia.
O filme é hipnótico, expressionista, onírico. Gostei dos planos sobrepostos, dos rostos recortados no céu, que ficavam a pairar no ecrã, e a música, discreta, não se impunha, nem se exibia. Até a ingénua legendagem era um regalo para os olhos.