domingo, 6 de setembro de 2009

MOTELx 1


Dei logo de caras com o John Landis quando subia a escadaria do Cinema São Jorge para experimentar, pela primeira vez, o Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa. Foi um bom augúrio. Estreei-me numa sessão especialíssima: "A Dança dos Paroxismos", filme de 1929 de Jorge Brum do Canto, musicado, ao vivo, por Legendary Tigerman e Rita Redshoes. Foi um momento absolutamente mágico. A música soou-me cintilante, bem entrosada naquele velho filme que espantava pelo arrojo técnico e pela beleza simples. A história tem por base um "poemeto" de Leconte de Lisle, "Les Elfs". Conta a história nefasta de um cavaleiro galante que se detém no Reino dos Silfos, onde se cruza com a rainha Banschi. Esta bela, ao pousar a sua mão branca no peito do cavaleiro, desencadeia uma desgraça: a noiva roliça que o esperava morre e o cavaleiro segue-a na agonia.
O filme é hipnótico, expressionista, onírico. Gostei dos planos sobrepostos, dos rostos recortados no céu, que ficavam a pairar no ecrã, e a música, discreta, não se impunha, nem se exibia. Até a ingénua legendagem era um regalo para os olhos.


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