segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Um filme bem amanteigado

Tudo começou com um livro: "Mastering the Art of French Cooking" (primeira edição de 1961) da chef americana Julia Child, uma espécie de Susan Boyle do fogão.
Depois veio o blogue de Julie Powell, "The Julie/Julia Project", que escapou a uma vida frustrada enfiando-se na cozinha com um objectivo: cozinhar as 536 receitas do livro de Julia Child em 365 dias, o que incluía cozer lagostas vivas, desossar um pato e usar a divina manteiga. A caixa de comentários do blogue de Julie (que paira ainda na blogosfera) empanturrava-se e a sua empreitada gastronómica, très chic, tornou-se um fenómeno. Julia Powell escreveu um livro a contar a experiência, que vendeu como pãezinhos quentes, e a sua vida deu agora um filme que nos deixa o estômago confortado e quentinho, realizado por Nora Ephron.
São histórias reais que se cruzam. A de Paul e Julia Child, que Meryl Streep encarna na perfeição, com todos os decibéis e gestos no lugar, é uma verdadeira delícia; a de Julie e Eric é mais difícil de engolir: o jovem casal dos subúrbios que faz pela vida e pela relação, no meio de dramas existenciais, de crises de choro, vaidades e manjares celestiais.
Como um belo sonho americano, tudo acaba bem, e saímos confortados com esta sobremesa cinéfila, que se digere muito bem, como as farófias da minha mãe.

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