
quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
Knockout

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
Buffalo Soldiers

domingo, 14 de novembro de 2010
Somewhere over the rainbow

segunda-feira, 8 de novembro de 2010
C'um catano!

Com este Machete do Robert Rodriguez, fiquei de olho arregalado. É um gozo de tão tosco, a começar pelo protagonista (Danny Trejo), um federale mexicano justiceiro, armado de navalhas e catanas, com olhos sapudos, rosto tisnado e cheio de sulcos que pareciam cortados à faca. O filme tem violência a dar com um pau, mulheres desnudas e avantajadas, um chorrilho de vinganças fumegantes, muita catanada, carros quitados, mexicanos em fúria, armamento e até uma cena gore onde o Machete salta de uma janela agarrado a 18 metros de entranhas. A história é o menos. Mete o dedinho nalgumas feridas. O diálogo é curto e grosso. O que interessa mesmo é ver os braços velhos e musculados do Machete em fúria, é ver a deliciosa personagem do padre armado até aos dentes, benza-o Deus, o “puñeta” do Steven Seagal e o seu harakiri e, no final, o Machete a levar a sua miúda (Jessica Alba) vestida de couro no coiro da mota. Em suma, um grande filme de gajo, onde as gajas também se riem.
segunda-feira, 26 de julho de 2010
Matrioska onírica

Sempre que via o trailer de “Inception” ficava cativada por aquela atmosfera de mistério e estranheza, onde se via gente a lutar no ar, em gravidade zero, piões de metal a girar, grandes edifícios a desmoronarem-se, uma rapariga a gritar que a acordassem e depois aquele som cavernoso a servir de música. Não percebia patavina daquilo, mas aguçava a curiosidade. Já vi trailers muito mais bem conseguidos que os próprios filmes, mas “Inception” não desiludiu, nem por sombras.
O argumento é complexo, cheio de camadas, mas é perfeitamente inteligível. Dom Cobb é um “extractor” de segredos, atormentado pelo passado. Os furtos passam-se dentro da mente dos seus alvos, enquanto dormem, e para isso são precisos arquitectos para construírem o cenário daqueles sonhos. Um dia, Dom é forçado a aceitar o trabalho de implantar uma ideia, em vez de a roubar e, a partir daqui, somos deliciosamente arrastados num tropel de acção e suspense onde há pessoas que sonham um sonho, dentro de um sonho, dentro de um sonho e onde vamos descobrindo a história trágica de Cobb e de Mal e do seu mundo de luz e sombras. A história é verdadeiramente original e emocional e não nos deixa baixar a guarda. O lote de actores é soberbo, todos eles carregados de carisma. Para mim, não há ali actores secundários. E sempre aquela música de fundo, como um barco de grande porte a apitar, e que nos arrepiava a espinha.
terça-feira, 16 de março de 2010
“We’re all mad here. I’m mad. You’re mad”

Xeque-mate. A Alice de Tim Burton surpreendeu-me. Gostei do mundo negro, violento e alucinado de “Underland”, muito longe de uma visão açucarada e mimosa à maneira da Disney, que eu temia. Esta nova leitura da Alice de Lewis Carroll é uma lufada de ar fresco. Tem ritmo, tem graça e a história continua de forma inteligente, respeitando o que existe de “muchness” nas personagens de Carroll: a Alice aos 19 anos (talvez já um pouco mais inteligente) mantém a impertinência inocente e o domínio das criaturas que povoam o País das Maravilhas e surge com uma nova energia guerreira que me agradou. Mas a personagem mais enigmática e bem conseguida daquele lote é o chanfrado chapeleiro com exoftalmia, um poço de ambiguidade, meigo e violento, que tem às vezes uma voz profunda e trágica, arrepiante. O impacto visual da Rainha de Copas é tremendo, a Rainha Branca é desconcertante, o guarda-roupa é arrojado (sobretudo o de Alice), o ambiente é claustrofóbico. Fiquei rendida.
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010
Encher a mochila

Mas entra-lhe pela vida adentro um pequeno drama familiar (o casamento da irmã, que mal conhece), uma nova mulher (igual a ele, que ele pensa conhecer) e uma jovenzinha calculista e insegura que põe em risco o seu modo peculiar de trabalhar e o seu brio profissional. Aprende, afinal, que vale a pena carregar alguma coisa às costas (o amor, a família) e encher a mochila, mesmo que as correias apertem até doer. Mas aqui não há finais felizes. E ficamos com a sensação de que a mochila de Ryan Bingham ainda vai demorar a encher-se.
segunda-feira, 11 de janeiro de 2010
Na estrada

A adaptação de John Hillcoat é irrepreensível. Deixa espaço à imaginação, não tenta explicar nem mostrar tudo, é feito com uma grande sensibilidade e dureza. A fotografia é magnífica: imergimos num mundo desbotado de cinzas e de naturezas mortas, um mundo inimaginável e depressivo onde alguns se recusam a terem apenas de sobreviver. Mas há os irredutíveis. Viggo Mortensen faz uma poderosa interpretação no papel do pai que protege o seu filho de forma quase animal, esse filho que já nasceu num mundo sem passado e sem futuro. A sua luta é protegê-lo, acreditando que o rapaz pode ainda transportar a centelha que não o deixará resvalar para a barbárie. Ainda há esperança. O mundo não perderá a alma enquanto existirem homens bons.
O filme é uma adaptação fiel do livro de McCarthy. Talvez demasiado fiel, demasiado submissa e literal. O problema é que não traz nada de novo, não expande o livro, não o complementa. Não há dúvida de que preferiremos sempre o livro ao filme, ainda para mais tendo sido escrito por Cormac McCarthy.
Ora, o caso de Manoel de Oliveira é exemplar nesta história das adaptações de livros para o cinema. Fez inúmeros filmes partindo dos livros da Agustina Bessa-Luís e nunca teve pruridos em meter a sua colherada, em fazer trinta por uma linha, em ser livre, criando sempre um filme original (goste-se ou não) que não teve de fazer vénias à literatura. Isto sim é ambição e criatividade.
terça-feira, 5 de janeiro de 2010
domingo, 3 de janeiro de 2010
Brave New World
O argumento é que é fraco: sucedem-se as fórmulas, os gestos convencionais e estereotipados e senti pontadas de déjà vu, como se se tivessem enxertado bocados das histórias do Rei Leão, da Pocahontas ou do Shaka Zulu.
Coloquei com gosto os óculos 3D, gozei com os olhos da infância este novo mundo de James Cameron, mas continuo a preferir, definitivamente, um cinema de carne e osso.