quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Carpe diem

Touchée. Gostei deste imaginativo "Midnight in Paris". Gil Pender, de Pasadena, é um argumentista de Hollywood que quer dar o salto para a literatura e que está prestes a dá-lo para o casamento. Está de visita a Paris, com a noiva e os futuros sogros. O que ele queria era viver em Paris, numa mansarda de artista, nos anos 20, e que a noiva gostasse de passear à chuva com ele. Ela tinha outras ideias.

Num passeio solitário pela cidade, Gil cruza-se com um Peugeot Landaulet, que o leva para a sua "idade de ouro": Paris nos anos 20. O que se segue é um elenco de pintores e de escritores memoravelmente interpretados, traçados com muita graça, em poucas linhas de diálogo. Dalí, cheio de si, Gertrude Stein, a matriarca, Hemingway, de palavra cheia, Picasso, careca irascível, ou o penteado Buñuel, a quem Gil dá a ideia para o argumento de "El Ángel Exterminador" e o realizador, intrigado, a perguntar: "mas por que é que eles não conseguem sair da sala?" O filme tem destas pequenas delícias e a música de Cole Porter, que não é de somenos.

Gil acaba por perceber que este "tumor cerebral" que o acometeu não é mais do que um escape ao presente. O que nos resta é apreciar o momento em que calhámos.

"The world has gone mad today
And good's bad today,
And black's white today,
And day's night today,
When most guys today
That women prize today
Are just silly gigolos
And though I'm not a great romancer
I know that I'm bound to answer
When you propose,
Anything goes"

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