segunda-feira, 13 de abril de 2009

O filme pascal








Gosto genuinamente de encontrar todos os anos na televisão pública os mesmos filmes em Technicolor que versam a temática geral “Jesus Cristo.” É reconfortante. É nostálgico. São filmes bons: exagerados, kitsch, garridos e, invariavelmente, com um Charlton Heston bronzeado.
Nunca vi o “Ben-Hur” inteiro (filme de 1959, de William Wyler), mas tenho-o visto, aqui e ali: a cena da telha que escorrega, a corrida de quadrigas e a sequência dos leprosos. Este ano, juntei mais umas peças: a relação, digamos, alegre, entre o romano Messala e o judeu Ben-Hur, o coup de foudre entre o senhor Ben-Hur e a sua escrava Ester (que quando a vi descer as escadas já sabia o que aí vinha), a prisão injusta de um inocente Ben-Hur depois da dita queda da telha, a relação alegre que azedou, a travessia do deserto e o gesto caridoso de Jesus, que deu de beber a quem tinha sede.
E depois veio a sequência nas galeras. Êxtase. Absorvi tudo aquilo: os homens de corpos bronzeados e reluzentes a remarem ao ritmo do tambor que acelerava sob as ordens maliciosas de um romano: ritmo de aceleração, ritmo de combate, ritmo de abalroamento e sofríamos com eles, com aqueles rostos retorcidos, uns a gritar de dor, outros a cair para o lado, e o Ben-Hur, com olhos duros de ódio, bronzeado e a suar, a aguentar aquele esforço crescente. E quando repousaram, nós repousámos.
Esta foi a grande cena da Páscoa de 2009, tirando, obviamente, a do sarrabulho, que essa é só para entendidos.














Sem comentários:

Enviar um comentário