sábado, 14 de março de 2009

"Gran Clint"





"Gran Torino", o novo filme realizado por Clint Eastwood, leva-nos às lágrimas.
A história é forte e surpreendente. É sobre "vida e morte", o leitmotiv que surge nas primeiras cenas, com o enterro da mulher de Walt Kowalski, um assombrado veterano da guerra da Coreia, e com a celebração do nascimento de uma criança Hmong na casa ao lado.
Clint Eastwood é um figurão: a composição da personagem do irascível e chauvinista Kowalsky é fabulosa, com os seus inúmeros esgares e resmungos, e nunca é desagradável: a sua relação com a cadela Daisy é comovente e faz-nos rir pela maneira como enche o seu barbeiro de "mimos", num delicioso arraial de insultos.
Passamos a superfície e descobrimos um Walt terno, o pai que nunca foi, à medida que a sua amizade com o cabisbaixo Thao se sedimenta. Entretanto, ambos se salvam um ao outro, com o "sweet" Ford Gran Torino de 1972, o ícone do filme, em fundo.
Como sempre, Clint Eastwood faz um trabalho de realização impecável. Gostei especialmente das cenas paralelas das duas confissões: a que Walt fez diante do padre, três pecados menores sussurados através das grades do confessionário, e a grande confissão que os ouvidos de Thao ouviram, com uma outra grade a separá-los.
Walt repugna-se com a religião e com a Igreja, mas na cena final, baleado e caído no chão, pareceu-me um Cristo na cruz e, de facto, também ele deu a vida por alguém.






2 comentários:

  1. E como é bom passear numa marginal com o Sol alto e quente...

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  2. Gostei muito.Há ali muita coisa que não é evidente mas está lá. Um bom retrato da sociedade da sociedade americana de início de Séc XXI.

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