domingo, 10 de maio de 2009

Os bons rebeldes

J.J. Abrams tinha a missão de rejuvenescer as personagens da série criada por Gene Roddenberry e fazer estourar um blockbuster. Cumpriu em pleno neste "Star Trek" teenager cheio de graça que nos mostra como nascem as amizades que interessam e como se fazem heróis a partir de um punhado de bons rebeldes.
Fabulosa a cena do pré-adolescente James Tiberius Kirk, órfão de pai, a conduzir no século XXIII um carro vintage do século XX, enquanto curte uns velhinhos Beastie Boys. Quando se aproxima de um precipício, acelera, faz um drift e salta do carro. Salva-se por um triz, agarrado à borda do abismo e esta será uma cena recorrente no filme, ver o Kirk por um fio. Em paralelo, vemos o jovem Spock a rebelar-se contra a lógica fria dos vulcanos e a mostrar as emoções que lhe vêm dos genes humanos da mãe quando sova o bully da escola.
O conflito interior de Spock, dividido entre a razão e a emoção, foi para mim um dos ingredientes mais interessantes do filme. Um argumento engenhoso colocou o velho Spock (Leonard Nimoy) ao lado do novo (Zachary Quinto) e foi comovente ver esse velho sábio e despretensioso a dar conselhos a um jovem "eu" ainda duro e relutante em aceitar a sua humanidade.
O filme é pura diversão do princípio ao fim. Vi-o com um contínuo esgar sorridente: temos sequências em que parece um típico filme de "high school" americano, cenas primorosas de acção e um vilão que destrói planetas por vingança, porque lhe roubaram o amor. No fundo, no fundo, todo o filme está sob a influência do amor. E isso é bom e é isso que encanta.

PS: Não sou "trekkie" e por isso perdi, provavelmente, muitos pormenores só acessíveis aos iniciados. No entanto, identifiquei a "heresia" no xadrez amoroso da Enterprise...




















1 comentário:

  1. No Xadrez amoroso? Mas este filme é todo contra os preconceitos da sociedade. Vê o Spock que
    é descrimínado pelos seus "
    conterrâneos (ou será "convulcâneos") por ser, um mestiço, filho de uma terreste (surpreendente Winona Ryder). Gostei bastante do filme, inclusive da utilização, subtil, dos reflexos de luz nas imagens e dos planos sempre em movimentos rápidos. Acredito agora que o JJ Abrahams vai revolucionar o universo multimédia. E eu que achava o Star Trek sensaborão.

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